segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Equilibrio desigual de todos

Posso deixar que me consumas
entre o cigarro e o gin tónico
num pretenso texto irónico
estupido e catatónico
arqueado de prazer
como um cantor de tunas
deliciado e gelado
feliz aqui ao teu lado.

Quero que me gastes
algures me arrastes
como um soldado ferido
quase morto e transferido.

Quero o prazer do jasmim
petalas de um malmequer de jardim
raio de luz de um Sol que nos cega
dormir junto ao aspersor da rega.

Posso tudo isto e muito mais
morder e rosnar como os animais
deitar-me ao teu colo em jeito de gato
e aninhar-me mais no teu regaço.

Posso deixar que me ames
entre noites e dias
em que me chames
amor em fio de navalha
equilibrado num arame
desejo ardente e canalha.

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